Prevenindo das lesões no tênis







A incidência e prevalência de lesões pode variar consideravelmente devido às diferentes definições para lesão, idade do grupo estudado, ou até mesmo pelo nível do praticante (recreativo, amador, profissional).

Em atletas de alto rendimento com idade inferior a 18 anos, a taxa de lesões varia de dois a 20 a cada 1.000 horas de prática do esporte. Quando considerados todos os níveis de atletas, a incidência de lesões é de três por 1.000 horas de prática, levando-nos a acreditar que atletas mais jovens sofrem mais lesões do que os que praticam há mais tempo o esporte devido à baixa experiência.

LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES

A maioria das lesões acontece em membros inferiores (entre 31% e 67%), seguido pelos membros superiores (20% – 49%) e por último, o tronco (3% – 21%). As regiões mais atingidas dos membros inferiores foram o tornozelo e a coxa, com a entorse de tornozelo sendo a mais específica ocorrida. Já nos membros superiores, o ombro e o cotovelo foram as articulações mais acometidas, com a epicondilite lateral sendo a mais prevalente.

Algo importante a se ressaltar é que a maioria das lesões em membros inferiores é de característica aguda e mais frequente, enquanto as em membros superiores são de caráter crônico com menor incidência.

Prevalência de lesões específicas no tênis

O backhand com duas mãos pode ajudar uma criança em relação à força e também evitar o temido Tennis Elbow (cotovelo de tenista), mas tênis não é força e sim técnica. O backhand com duas mãos, quando executado com os braços encolhidos junto ao tronco, pode sobrecarregar a coluna a ponto de provocar uma fratura por estresse. Portanto, cuidado.

OMBRO

Um estudo com atletas de alto rendimento entre 12 e 19 anos mostrou que a dor no ombro está presente em 24%, aumentando em até 50% dos praticantes quando chegam à meia idade, ou seja, um número bastante expressivo e preocupante. Quando consideramos todos os níveis de atletas, as lesões de ombro variam de 4% a 17%.

Essas mazelas normalmente ocorrem por uso repetitivo e podem estar relacionadas com o movimento anormal da escápula, chamada de discinesia escapular; lesões do manguito rotador, que é um conjunto de músculos que atuam como a principal estabilização do ombro; ou pelo chamado GIRD (Glenoumeral Internal Rotation Deficit), que é a diminuição ou déficit do movimento de rotação medial do ombro dominante em relação ao membro não dominante. Por isso é importante para os fisioterapeutas conhecer tais fatores de risco para um tratamento compatível com as lesões de ombro.

DOR LOMBAR

A dor lombar (lombalgia) é muito frequente em atletas ativos, atingindo até 85% de praticantes de forma aguda ou crônica, podendo afastar o praticante das quadras e de torneios.

As causas da dor lombar são inúmeras, mas, quando falamos de tênis, o saque parece ser um dos principais fatores, devido à sobrecarga da coluna de forma repetitiva. Estudos mostram que o serviço com topspin sobrecarrega mais a lombar em comparação ao com slice (underspin) e ao flat (sem efeito). Por isso, ensinar o topspin para atletas muito novos pode aumentar o risco de dor e lesões lombares, como a espondilólise (fratura por estresse de uma parte das vértebras) ou espondilolistese (escorregamento vertebral).

LESÕES MUSCULARES

Está entre as lesões musculares mais frequentes no tênis a da panturrilha, ou perna do tenista (tennis leg). Além dessas, as lesões dos músculos relacionados ao ombro, quadril e lombar também são frequentes.

EPICONDILITE LATERAL

A epicondilite lateral é uma das lesões mais comuns no tênis, caracterizada pela sobrecarga de tendões, principalmente em jogadores recreativos. Não há diferença entre gêneros, ou seja, homens e mulheres parecem ser acometidos na mesma proporção.

A incidência dessa lesão vai de 35% a 51% e, apesar de não estar cientificamente comprovado, acredita-se que ela ocorre em menor número de praticantes que realizam o backhand com as duas mãos, pois permite que a mão não dominante absorva mais impacto, diminuindo o risco de falhas mecânicas do punho.

Acredita-se que o uso de antivibradores diminuía a incidência de epicondilite lateral no tenista, no entanto, estudos não suportam essa hipótese. O que vem sendo associado a ela é a experiência do tenista, já que a prevalência é maior em praticantes menos experientes e que não possuem uma boa técnica.

QUADRIL

As lesões de quadril correspondem de 1% a 27% de todas as lesões em tenistas. Estudos reportam incidência de 0,8 por 1.000 exposições e prevalência de 1,3 lesão a cada 100 tenistas juvenis competitivos.

Uma pesquisa investigou o tamanho de músculos do quadril em tenistas profissionais e encontrou diferenças no trofismo (tamanho) deles quando comparado o lado dominante com o não dominante do atleta. Foi possível observar que o lado não dominante possui músculos com maior trofismo, e que isso pode levar a dores no quadril a partir de bursites e tendinites. Concluindo, tenistas estão mais susceptíveis a lesões no quadril não dominante em relação ao dominante.

Além disso, foi encontrada uma correlação entre jogadores de tênis e osteoartrite (doença progressiva e degenerativa de desgaste da cartilagem óssea, popularmente conhecida como artrose) de quadril. Um grande estudo verificou que ex-atletas de tênis possuíam 250% mais sinais de desgaste do quadril em relação a pessoas que não praticavam esportes.

JOELHO

As lesões de joelho são muito frequentes no meio esportivo em geral, e no tênis não é diferente. Estudos chegam até a reportar que lesões no ligamento colateral lateral (LCL) e do menisco medial são mais frequentes no tênis em comparação a outras modalidades. A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) também possui incidência relevante, com 10% a 13% de todas as lesões que ocorrem no joelho.

Além dessas mazelas, a dor patelofemoral (também conhecida como síndrome da dor patelofemoral – SDPF) e a tendinopatia patelar (doença do tendão patelar) são comuns em tenistas. Devido a essa alta incidência de lesões no joelho, diversos programas preventivos vêm sendo elaborados a fim de evitar que elas ocorram.

Existe grande polêmica em relação à participação no esporte e a osteoartrite de joelho. Enquanto alguns pesquisadores associam o esporte à degeneração precoce, outros afirmam que atividade moderada não está associada a essa doença.

FRATURA POR ESTRESSE

Essa lesão possui uma incidência de aproximadamente 13% em atletas de tênis, afetando em maior parte o navicular (osso do pé), vértebras, metatarsos (osso do pé) e a tíbia (osso do perna). Atletas com idade inferior a 18 anos foram mais atingidos em comparação aos adultos. Diversas são as causas e, dentre elas, o erro de gesto esportivo, erro de pegada na raquete e sobrecarga de treinamento estão como principais fatores causadores que precisam ser corrigidos.




DICAS PARA PROFISSIONAIS:

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