Maria Esther Bueno não foi apenas a maior tenista brasileira de todos os tempos. Pelos títulos conquistados na década de 60, a tricampeã de Wimbledon pode ser apontada como responsável por difundir o tênis feminino no Brasil quando o esporte era conhecido apenas na Europa. Apesar disso, após 34 anos de sua aposentadoria, ela lamenta nunca ter visto uma compatriota chegando ao nível que ela alcançou dentro das quadras (assista ao vídeo).
- Hoje as possibilidades são maiores. Você tem equipe com treinador, nutricionista, todo um acompanhamento. Todos perguntam até hoje porque não surgiu outra tenista grande aqui. O pessoal da Inglaterra também se pergunta. Eles já tiveram a Virgina Wade e, hoje, depositam a fé no Andy Murray. Condições têm. O que faltam são resultados - disse a ex-esportista ao "SporTV News".
Maria Esther tornou-se famosa no mundo por despontar no tênis em uma época em que o esporte ainda carecia de investimentos no Brasil. Ela relembra que o início foi impulsionado apenas pela própria determinação em jogar e viver do esporte.
- A primeira viagem foi com uns amigos meus que se juntaram, compraram passagem, e eu fui. Às vezes, a gente recebia da federação americana uma ajuda de U$ 20 por dia. Você tinha que se sacrificar muito e mostrar valor. Lá fora teve muita repercussão pelo fato de eu ter vindo de um país onde o tênis praticamente não existia, por eu ser mulher, ter 15 anos, estar sozinha, e ainda, jogando em quadra de grama, de cimento, porque no Brasil só havia quadra de terra. E eu ainda acabei obtendo o melhor resultado em Wimbledon logo no primeiro ano em que fui - afirmou.
O talento de Maria Esther parecia ser independente do investimento que recebia. Aos 19 anos, sagrou-se campeã em Wimbledon pela primeira vez. Ao todo, foram três títulos na competição inglesa e quatro de simples no US Open. Em Grand Slams, foram 19 conquistas no total. Apesar do tênis da década de 60 enfrentar o amadorismo e carecer de um ranking mundial, a brasileira foi apontada pelo jornal inglês "Daily Telegraph", na época, como número um do mundo em 1959 e 1960. O título de campeã mundial viria, também, em 64 e 66.
- Quando eu comecei a jogar, o pessoal não fazia nem ideia de onde ficava o Brasil. Faziam questão de dizer que não sabiam onde era o Brasil, diziam que era capital da Argentina. Não tinha nenhuma facilidade, a minha equipe era eu comigo mesma. Hoje, a estrutura mudou bastante. Se você alcança bons resultados você é super recompensado - compara a ex-tenista.
O sucesso de Maria Esther no exterior acabou por tornar a tenista uma estrela nacional. Após as conquistas em Wimbledon, a jogadora estampou a capa de uma edição de janeiro de 1961 da revista "Cruzeiro", ao lado de Pelé, Eder Joffre e o bicampeão de pesca submarina Bruno Hernani. A matéria fazia uma projeção da carreira dos quatro atletas e comentava as conquistas do ano anterior.
Seis anos depois, em 1967, Maria Esther acabaria por interromper a carreira de forma brusca por causa de uma contusão no braço direito. Nos anos que se seguiram, recebeu diversas homenagens, sendo a maior delas a entrada no "hall da fama" do tênis. Ela passou a acompanhar o desenvolvimento das tenistas, mas nenhuma chegou ao topo como ela.
- Eu acho que nasci com muito talento e soube aproveitar esse talento porque eu gostava muito do que eu fazia. O tênis é um esporte que exige muito sacrifício - declarou.
Após a despedida oficial de Maria Esther Bueno em 1977, o Brasil enfrentou uma diminuição no interesse pelo tênis feminino. Desde então, apenas seis brasileiras conseguiram estar entre as 100 primeiras do ranking mundial. Há 20 anos, no entanto, este fato não ocorre.
A próxima reportagem da série do "SporTV News" sobre o tênis feminino busca entender o que aconteceu para o Brasil não ter desenvolvido outra atleta de expressão após as conquistas de Maria Esther Bueno e porque a "Rainha de Wimbledon" acabou não deixando um legado.
DICAS PARA PROFISSIONAIS:
TÊNIS CAMPEÃO: 200 EXERCÍCIOS DESCRITOS EM VÍDEOS PARA TREINO
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